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O teatro é mais que o vestir de uma personagem. É uma arte, um talento, uma paixão. - Beatriz Dias.

A apresentação a professores e familiares do filme «A Lei da Sedução» foi antecedida por uma surpresa produzida pelo aluno Bruno Carvalho, que, com o filme produzido, acabou por transmitir o que a turma de Teatro sente relativamente à arte de representar.
Foi interessante observar o olhar curioso e emocionado de muitos pais que ali estiveram.
Há por aqui muita gente cheia de talento e com vontade de emprestar a sua vida a personagens que só viverão nos seus corpos, nos seus gestos, nas suas vozes, nos seus olhares, ...

FESTA DO FINAL DO ANO



No dia 11 de Junho despedimo-nos de mais um ano lectivo. Entre febras, sardinhas, um óptimo caldo verde, boa broa e muitas e saborosas sobremesas, lá estávamos nós para animarmos os convivas.

Foi uma surpresa para todos a forma como nos apresentámos. Esteve representada gente do mundo do cinema, da música, da literatura, da realeza... . Fernando Pessoa cruzou-se com Camões, Amy Whinehouse com Amália Rodrigues, Lady Gaga com Quim Barreiros, Sónia Braga com a Alice do País das Maravilhas, Slash (ex Guns n' Roses) com Daniela Ruah, Maria Antonieta com Cleópatra, Andrey Hepburn com Agnetha Faltskog (ABBA), Bob Marley com Shakira... e todos nos cruzámos com todos enquanto saboreámos as iguarias e nos encantámos com a cerimónia de homenagem a Aristides de Sousa Mendes e com o Sarau que teve música (pop, rock, fado), uma excelente passagem de modelos com fatos feitos a partir de materiais recicláveis e biodegradáveis e a representação da peça de teatro «Quando as teclas falam, as palavras calam» (11º B).

A LEI DA SEDUÇÃO



Após a 1ª experiência com o fime Hotel 5 Espectros, o aluno Bruno Carvalho apresentou um novo projecto. Escreveu o guião de um novo filme o qual intitulou de A Lei da Sedução. Foi mais uma iniciativa aliciante, que exigiu da parte de todos comprometimento com o trabalho e uma disponibilidade geral enorme (de alunos, professor da disciplina, Direcção, Associação do Bairro da Igreja). Os nossos agradecimentos vão especialmente para os pais, que estiveram presentes quando foram solicitados para tal, para a Direcção, que colaborou com o projecto na medida dos pedidos feitos, e à Associação do Bairro da Igreja, que gentilmente, e uma vez mais, cedeu o guarda-roupa com que as 4 personagens femininas principais (Cinderela, Bela, Aurora, Branca de Neve) se vestiram. OBRIGADO A TODOS.









VIAGENS DE ESTUDO


«OS LUSÍADAS DE CALÇÕES»

No dia 23 de Abril realizou-se uma viagem de estudo a Perafita - Matosinhos - Porto.

Fomos assistir a uma peça de teatro levada à cena pela companhia de teatro O Sonho, intitulada "Os Lusíadas de Calções”.

Gostei muito da peça por dois motivos: por um lado, os actores são excelentes e interagem muito bem com o público. São apenas cinco actores, mas cada um deles consegue assumir bastante bem diversas personagens; por outro lado, a peça baseava-se na obra épica “Os Lusíadas”, de Luís de Camões, faziam-no de forma cómica, cativante e motivadora. Esta peça permitiu-me rever os conteúdos estudados acerca da epopeia de Luís Vaz de Camões e de consolidar os conhecimentos que já possuía.

Texto da autoria de Inês Veiga, nº 12, 9ºA (adapt.)


«CENTENÁRIO DA REPÚBLICA»

Quando me pediram para falar sobre a viagem de estudo realizada nos dias 16 e 17 de Abril, tive uma grande vontade de escrever, de falar, de contar todos os pormenores. Relembrei a madrugada da partida, a viola, as canções no autocarro, as mochilas com as marmitas preparadas pelas mães. Senti falta do passeio e do convívio.

Para além de ter consolidado conhecimentos adquiridos, nas áreas da História e da arte de representar, melhorei e desenvolvi o meu gosto pela cultura, pelo saber, pela novidade.

Se tiver de nomear ou seleccionar algum momento, algum lugar ou alguma visita, a minha escolha incidirá, como amante de teatro que sou, na noite do primeiro dia: a ida ao Politeama. Assistir à “Gaiola das Loucas”, de Filipe La Féria, foi, na minha opinião, “o momento alto” da viagem. Porquê a minha escolha? Para além de já apreciar o teatro, e tudo o que nele acontece, naturalmente, La Féria tem a capacidade de, num país culturalmente tão pobre como o nosso, conseguir uma perfeição na encenação inigualável. Todos os cenários, todos os figurinos e todo aquele ambiente são mágicos. Desde as luzes, ao som, ao palco, ao grandioso elenco, composto por José Raposo e Carlos Quintas, conjuntamente com Rita Ribeiro, Joel Branco, Helena Rocha, entre muitos outros actores, bailarinos e cantores reconhecidos pelo talento que têm, tudo em conjunto surpreende, delicia, motiva, agrada.

Todo o ambiente da viagem foi bastante agradável, graças à colaboração dos alunos e do seu comportamento, e ao trabalho, organização e esforço dos professores.

Na minha opinião, estes dois dias foram um sucesso, tanto a nível pessoal como educativo·e·cultural.

Texto da autoria de Beatriz Dias, nº 3, 9º A (adapt.)

16 e 17 de Abril. Destino: Lisboa. Relembro uns quantos olhos atarantados pelo sono, três ou quatro pares de phones que deixavam escapar música pop, duas guitarras que começavam a ganhar vida. A excitação e ansiedade emanavam dos corpos, sensações recompensadas com os dois dias maravilhosos passados na capital.

A viagem estava extremamente bem organizada, a agenda cheia com espaços a visitar onde aprendemos e nos divertimos. Consolidei conhecimentos: de História, com a ida ao Palácio de Belém e ao de S. Bento, e ainda ao Mosteiro dos Jerónimos e à Torre de Belém; de Teatro, com o visionamento da riquíssima peça “A Gaiola das Loucas”, que não poderia deixar de mencionar neste texto, obviamente. Na minha opinião, a ida ao Teatro Politeama foi a que mais me agradou, devido à excelência da representação encenada por La Féria, que a isso já nos habituou. Os actores consagrados, desde José Raposo a Rita Ribeiro, as luzes, o palco, os bailarinos perfeitamente coordenados, o espaço envolvente, transportaram-me para um mundo mágico, irreal.

Não posso deixar de mencionar o convívio salutar que se gerou, fortificando laços e criando novas amizades.

Esta viagem memorável foi benéfica para todos os que nela participaram, desde o conhecimento de novos espaços à consolidação de conhecimentos adquiridos nas aulas, passando pelo convívio saudável, e claro, o divertimento.

Espero poder integrar, num futuro próximo, numa viagem de estudo como a que se realizou no passado mês de Abril.

Texto da autoria de Catarina Almeida, nº 5, 9º A









FILME «HOTEL 5 ESPECTROS»




Os alunos da turma participaram, com um filme rodado por eles, na Semana da Primavera. Este baseou-se num livro lido por um aluno da turma, que transformou em guiões que resultaram na película exibida no dia 25 de Março, na Biblioteca Municipal de Nelas. O livro lido é da autoria do escritor italiano Pierdomenico Baccalario e intitula-se Hotel Cinco Espectros.





HISTÓRIAS DE (DES)ENCANTAR

PEÇA DE TEATRO




Sinopse

A vida é mais longa para uns do que para outros, no entanto somos capazes de a dividir em fases: criança, adolescente, adulto, idoso. Da primeira guardamos na lembrança as melhores histórias, os momentos dos melhores sonhos, acredita-se na existência da Branca de Neve como da mãe, crê-se na realidade da Príncipe Ariel como se confia no pai. Depois, os anos avançam e a realidade sobrepõe-se à fantasia. Vêm os conflitos, as descrenças, o egoísmo assumido, as novas aventuras (algumas perigosas), os dramas, as maluqueiras. Uns são passageiros, outros nem por isso.

  • Personagens:

Catarina Almeida – Cinderela - histérica
Beatriz Dias – Capuchinho - oferecida
Gonçalo Almeida – Tarzan - amaricado /gay
Mariana Paula – Branca de Neve - alarve
Beatriz Santiago – Aladino - DJ doido
Dénis Amaral– Gato das Botas - sabichão burro
Alberto Júnior- Anão - saloio
Rafaela Soares– Sininho - pirosa
Filipa Pais – Sereia Ariel -peixeira
Pedro Nuno – Lobo Mau - atrofiado
Cristina Amaral – Esmeralda - cigana
Diana Damásio – bruxa (da Branca de Neve)- católica
Bruno Carvalho – Príncipe Ariel – chulo
Mafalda Correia – Rapunzel -cowgirl
Cátia Santos – Pocahontas -badalhoca
Joana Fidalgo – Minnie- falsa


Os convidados são recebidos no foyer pelos alunos vestidos com os fatos com que irão apresentar-se em cena.
Sala às escuras. A peça abre com a projecção do logotipo dos filmes da Walt Disney e respectiva música com que abrem esses filmes.


- PARTE I -


Cenário: Cenário de conto de fadas: torre da Rapunzel e trono.


Aladino – (em voz off) Era uma vez, há muitos muitos anos, quando as galinhas ainda tinham dentes e os restantes animais falavam, aconteceu uma caldeirada. O Walt Disney ficou pirado da tola e resultou uma coisa assim …

(Tarzan descendo pelos cabelos da Rapunzel)

Rapunzel – (grita como se fosse Tarzan) – Ah… ah, ah, ah, ah, aaaahh!!!
Tarzan - (com ar assustado e colocando as mãos sobre o coração) – Ai qu’ horror, credo!
Rapunzel – (pega na ponta do cabelo, com ele faz um laço com o qual tenta caçar o Tarzan) – Anda cá bicha! Sua Safada! Macaca Maluca!
Tarzan – Porque gritas, sua histérica?! Estás com dores de dentes?!
Rapunzel – (irritada) Palerma! Insensível! Não vê que me está a puxar as gadelhas?


(Entra a Branca de Neve a comer uma perna de frango, com a boca suja e acompanhada do anão)

Branca de Neve – (com ar superior) Zangados?! Mais valia esfomeados!! Deixem-se disso! (volta-se para o anão Checa) – Checa, a bucha.
Anão – Preta de Neve, um choiriço, uma boroa, uma morcela, uma órelha, um pé de bácoro… ou bácora, uma ceboila à racha e um popino.
Tarzan – (senta-se junto da toalha e diz com gestos maricas) – Para mim, uma banana, se faz favor.
Anão – Só temos da Madeira.
Tarzan – Muito piquenas.
Branca de Neve – Olhem que isto não é a República das Bananas! Nem a do Alberto João! (ordenando a Checa) Dá-lhe um chouriço pilão.
Tarzan – Ui!

(Entra a bruxa com um véu na cabeça, olha para o Tarzan, ajoelha-se e benze-se. Tenta espreitar debaixo da tanga)

Tarzan – (muito maricas) – Ó querida, ó linda, o que quer?! Chouriço pilão?!!
Bruxa – Que bicha, Jesus Cristo (benze-se).
Tarzan – (muito assumido e cheio de ares) Bicha sim, Cristo não.
Branca de Neve – (olha para a bruxa) – Olha a papa hóstias.
Bruxa – Ó Preta de Neve, qu’andas tu a roer que 'tás um pote! Tenho de te levar ao Tallon, sua balofa!
Rapunzel – Nada disso. Prefiro levá-la ao Póvoas. Ela é minha amiga, eu gosto dela e …
Branca de Neve – (muito alterada) Quem vos deu licença para decidirem sobre a minha vida? Vale mais ser gorda e feliz, a ser esquelética, anoréctica, bulímica, e nem ter dinheiro para arranjar o cabelo, sua peluda, cabeluda, felpuda.

(Entra o Gato das Botas)

Gato das Botas – Ciau. Felpudo? Quem chamou?
Bruxa – Xau? Nem Xau nem Skip, eu só uso Ariel.

(Entram o príncipe e a sereia Ariel pintados de preto)

Príncipe e Sereia - Chamaram?
Príncipe – Eu sou o príncipe Ariel.
Sereia – Eu sou a pequena sereia Ariel.
Bruxa – Com Ariel, preto mais preto não há.
Príncipe – De que estão a falar? Preta só conheço uma: a Preta de Neve, essa balofa. Agora a que está a dar é a Capuchinho.

(Música erótica - Joe Cocker «You can leave your hat»)

Capuchinho - (dengosa) Oi gato, cheguei!
Gatos das Botas – (Muito dengoso também) MIAUUU. (atira-se à Capuchinho Vermelho)
Príncipe - Primeiro pagas, depois usas.
Sereia Ariel – (visivelmente irritada) Usas mas não abusas, para isto estou cá eu.

(Entra o Aladino, com um rádio no ombro a ouvir a música «Calcinha Preta» dos Tutti Frutti)

Príncipe – (canta, animado) – Chupe, chupe, chupe …
Capuchinho – O que queres que chupe?
Príncipe – Ketchup só nos hamburgers .
Branca de Neve – Hamburguers? Comida? … Já se marfava qualquer coisa!
Príncipe – Só tenho chouriço pilão.
Branca de Neve – Mas eu é só salpicão … (irónica) tem mais chicha!

(Esmeralda, Pocahontas, Lobo Mau e Minnie entram em palco e poisam a estrutura onde é transportado o Aladino. Ouve-se uma música cigana – Gipsy Kings «Baila me»)

Esmeralda - (dançando, monta uma banca de roupa e grita à maneira dos ciganos enquanto exibe os produtos) – Olha os Lebes! Olha as Ardidas! (e dançando, continua a gritar) Doce e Abana! Lagosta!


(E continua a dançar enquanto se dirige ao público. Senta-se numa mesa e pede a mão a alguém - homem - para lhe ler a sina)


Esmeralda - (dirige-se à pessoa e identifica-se) – Sou a mestre da Maia, quase abelha mas com um ferrão muito mais comprido.
Pode emprestar-me a sua mão? (Analisa a mão por uns instantes) Bem, a linha da vida diz-me que está vivo, mas há-de morrer; a linha da cabeça, diz que nunca se esquece dela ; o monte de Vénus, ui!, não engana : o senhor está grávido de gémeos. Quer saber mais? Pois bem, agora está sentado mas há-de levantar-se (aparte) para ir para casa. Há-de pentear-se enquanto não ficar careca; há-de fazer a barba enquanto tiver lâminas; há-de comer, se tiver fome, e beber, se tiver sede. Andará a pé, se não tiver carro; dormirá se tiver sono; libertar-se-á de mim quando me pagar.


(Ouve-se de novo a música cigana. Esmeralda levanta-se e, a dançar, dirige-se ao palco para ler a sina à Pocahontas, que aparece ligeiramente suja na roupa e na pele - cara e mãos)

Esmeralda – Como se chama?
Pocahontas – Pocahontas.
Esmeralda – (pegando na mão da Pocahontas) – Porcalhotas? Nome que lhe assenta que nem uma luva! Bem se nota! E o seu marido? É o Porcalhoto, não?!
Pocahontas – Por acaso não. É o Baby!
Esmeralda – Qual? O porquito? A senhora é uma pedófila. Com um Baby! A senhora conhece o Carlos Cruz?
Pocahontas – Sou amiga da Gertrudes, porquê?
Esmeralda - A sua mão não engana! Estão cá todos: Ferreira Dinis, Hugo Marçal, Bibi, …
Pocahontas - Bibi ou Bóbó ? Eu só conheço o Aniki-Bóbó!
Esmeralda - (irónica) Tem muita sorte!
Capuchinho - Vovó? Onde está a vovó que o Lobo Mau comeu?
Pocahontas - Ó que sorte que ela teve! (A fazer beicinho) Só eu não sou comida por ninguém! Estou farta desta vida…
Esmeralda – Porquê tantos lamentos, minha filha?
Pocahontas - A doença não me larga.
Esmeralda – A linha da vida não engana. É como o algodão. Há-de viver até morrer, mas até lá sofrerá muito da próstata.
Pocahontas – (incrédula) Da próstata?!
Esmeralda - Da próstata e da cabeça.
Pocahontas – (mantendo o tom incrédulo) Mas como, se eu sou uma mulher?!
Esmeralda – Diz você! Na outra vida a senhora foi o Michael Jackson, sabia?
Pocahontas - Não. (Imita o Michael Jackson, dançando)
Esmerada - Nunca se viu ao espelho? Olhe bem a sua cor? (aparte - Que já não tem) Olhe o seu sexo? (aparte - Que sexo!)
Pocahontas - Já chega. Não quero ouvir mais. (E sai do palco a correr e a chorar)
Lobo Mau - (corre atrás da Minnie) Ó rata, dax-me o teu msn pah falarmx?
Minnie - (olha para baixo, na direcção do sexo) Dás-lho? (alguém aparece em palco com um círculo vermelho, semelhante ao que é exibido quando o filme não se destina a menores)

(A música dos Aqua - “Barbie Girl” - interrompe a conversa)

Lobo Mau – (volta-se para a Cinderela) Queres ir dar uma volta na minha máquina nova, uinda.
Cinderela - (usando tom de voz esganiçado) Ya meu, vamos nessa.

(O Lobo Mau vai buscar o carro de bateria/triciclo e entra em palco nele)

Lobo Mau – Monta!
Cinderela - Que lata! Foste buscar um Mercedes e eu queria um Fiat.
Lobo Mau(irónico)Fia-te na virgem e não montes! Vais mesmo de coche!
Cinderela – (muito afectada) Que bruto! Seu insensível … Seu animal!
Lobo Mau - Chama-me tudo, menos animal.
Cinderela - Desculpa se me enganei. Também a seres animal preferia que fosses um sapo a um lobo... farrusco e peludo!
Lobo Mau - Porquê?
Cinderela – (muito dengosa) Pelo menos podia obter um príncipe quando o beijasse nos lábios.
Lobo Mau – (irónico) Lavas os dentes? Que pasta usas? Andas a ver muitos Morangos … (sarcástico) És uma porcalhona!
Pocahontas - Alguém chamou?
Cinderela - Shiuuuu, cala-te.

(Lobo Mau volta-se para a Pocahontas)

Lobo Mau - Ó Jeitosa, vai uma voltinha?
Cinderela - (irritada) Animal duas vezes! Andas a trair-me?
Pocahontas - (arrota e levanta os braços) Bora lá.

(Cinderela e Lobo Mau com gesto de reprovação)

Minnie (entra em palco a cheirar) - Huum, que cheirinho! (Vira-se para o lado com cara de enjoada) Que estrume!

(Porrada entre Minnie, Porcahontas e Cinderela. Imitando o boxe, Tarzan passa com os cartazes da ronda e dos números)

(Aladino vai buscar 4 homens ao público que servirão de postes de um ringue de boxe, enquanto a Capuchinho os entretem; o Lobo Mau cerca o ringue com uma fita socorrendo-se dos 4 homens que servirão de postes do ringue. Enquanto isto, a Branca de Neve bate com uma colher num tacho que serve de campainha de combate. O Tarzan exibe o cartaz «ROUND 1», mas é empurrado contra um dos homens que serve de poste.

Entra a Sininho com uma carteira cheia de confettis. São lançados foguetes de festa de anos
)

Sininho: Paz e amor! (Atira os confettis)

(As luzes apagam-se. Os lutadores e postes caem no palco, só a Sininho se mantém de pé. Ouve-se o som de um CD a rebobinar. A Sininho é iluminada por um foco de luz.
A Sininho declama «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades», de Camões, que introduz a parte seguinte da peça. Enquanto lê, vai-se despindo, tirando a roupa e os adereços da personagem e tornando-se uma pessoa “normal”.
Entretanto, o texto acaba de ser declamado, as luzes apagam-se e ouve-se o bulício de uma cidade
).

- PARTE II -

As luzes acendem lentamente, dando a sensação de um amanhecer. As personagens, caídas no palco, vão-se erguendo, arranjam-se e despem as roupas de personagens fantasiosas (os convidados regressam aos seus lugares). Entre o palco e o público estão, desde o início da peça, roupas penduradas em cruzetas. As personagens despem-se junto destas cruzetas disfarçadas pelas roupas necessárias a esta parte. Quando os actores estiverem vestidos, as cruzetas ficarão visíveis ao público, transmitindo a ideia de morte (há um momento na vida do Homem em que este mata a fantasia e se torna adulto, com tudo o que isto significa de perda da inocência)


Na sala são criados 5 espaços diferentes, de acordo com a cena a representar.

Quadro 1
«A Justiça»

A sala está toda escura. Apenas um foco ilumina a cena que se pretende.


O cenário é composto por uma sala de tribunal. Existe uma secretária onde está sentado o juiz, e uma cadeira à frente desta, que é ocupada pelo arguido, que está ladeado por dois guardas.


Personagens:

- Juiz

- Arguido

- 2 guardas

Juiz: (batendo com o martelo na mesa) Vamos dar início ao julgamento de Augusto Silva, acusado de homicídio e profanação de corpo. O crime foi cometido a 21 e Setembro de 2008, em casa da vítima. Augusto Silva, o seu advogado encontra-se presente?


Arguido: (baixa a cabeça e os guardas sacodem-no pelos ombros) Eu não…tenho advogado.

Juiz: Desculpe, mas é impossível, o Ministério Público certamente se encarregou de enviar um advogado para o defender durante o julgamento.

Arguido: (ri-se e fala com desprezo) Acha mesmo que essa gente se importa com os que vivem em caixas de cartão e comem apenas uma refeição decente no Natal? Acha que alguém nos estende a mão?

Juiz: (bate com o martelo na mesa) Silêncio! Então está a dizer-me que não tem ninguém que o possa defender?

Arguido: Está a ver aqui alguém? É claro que não há ninguém!

Juiz: Assim sendo, não posso julgá-lo. Vai ter que arranjar alguém.

Arguido: (visivelmente irritado) E acha mesmo que isso vai valer alguma coisa?! Por favor! Não adianta dizer que não matei ninguém. Não adianta dizer a verdade. Porque vocês são miseráveis, ratos de esgoto. De que vos serve arranjarem-me um advogado se o meu destino está decidido? Eu vou ser preso! Eu sei! Nada fiz para o merecer! Nada! Eu estou inocente, eu não matei ninguém!

Juiz: (enfurecido) Silêncio! Não se atreva a desrespeitar-me e a ser insolente! Está na presença do poder!

Arguido: (continua irritado) Não me intimide. Pensa que não sei que foi pago para me meter na cadeia 10 ou 15 anos? Pensa que não sei a falsidade que reina por esses lados? Oh, por favor! Vocês metem-me…!

Juiz: (perdendo a calma) Não tolero esse desrespeito! Eu possuo provas de que foi o senhor que matou e escondeu o corpo da vítima em questão. Foram feitas buscas no local do crime, tudo foi investigado. Não me diga que é inocente. O senhor é o culpado!

Arguido: (aos berros) Então prenda-me! Dê esse presente a quem o apoia, vá! Não perca o dinheiro que lhe prometeram caso me conseguisse incriminar!

Juiz: (exaltado) Silêncio! Que insolência! Eu tenho provas! O senhor está preso por homicídio e profanação de cadáver. Aproveite o sol por entre as grades durante 16 anos! Julgamento encerrado! (Bate com o martelo) Levem-no!

(Os guardas seguram o arguido pelos ombros e encaminham-no para a saída.)

Arguido: (Pára, volta-se para o juiz) Diga-me, como consegue dormir à noite? (As luzes baixam)

Quadro 2
«Médico e Mendigo»

Cenário: Rua
Personagens:

- Médico
- Mendigo

(Na calçada de uma rua está sentado um mendigo a pedir esmola e a tocar acordeão. Passa um médico e o pobre pede-lhe esmola)

Médico: (apressado) - Mas você não tem mais nada que fazer? Tem bom corpo, vá trabalhar.

Mendigo: (educado) Passe um bom dia, senhor… (E continua a tocar, baixando a cabeça. O médico desaparece no fundo da rua mas deixa cair um panfleto [“Doar Sangue”]. O mendigo agarra nele e corre atrás do médico)

Mendigo: (batendo no ombro do médico) Desculpe, deixou cair isto.


Médico (com ar cínico e com desprezo): Ah, está bem!

Mendigo: Posso ajudar?

Médico: (desesperado) A minha filha precisa de sangue … (arrogante e com nojo) Mas não do seu!

(Toca o telemóvel do médico)


Médico: (fala ao telemóvel) Não acredito! Os dadores não são compatíveis?!

Mendigo (toca no ombro do médico, apoiando-o) Se o que mais ama é a sua filha e se a quer ver bem, ponha as diferenças de lado e aceite a minha ajuda. Não seja arrogante! Não preciso de nada, não peço nada, nem que goste de mim sequer. Faça o mesmo com a sua filha. Ela será como eu: vítima da falta de amor.

Médico (baixa a cabeça, envergonhado e sensibilizado) – Não sei o que lhe possa dizer. Acabou de me dar uma lição de vida. Como mostrar-lhe a gratidão?! Posso chamá-lo AMIGO?

Quadro 3
«O Álcool»

Cenário: casa de família com televisão.

Personagens:

- homem

- mulher

- filha


Homem (bate à porta de casa e grita) – Ó mulher, faz alguma coisa! Abre lá esta porcaria!

Mulher (levanta-se do sofá e abre a porta) – Isto são horas de chegar? Já viste bem a tua figura?

Homem – Ó pá, não me chateies! (Dá-lhe um encontrão)

Mulher – (com a voz alterada) Não me chateies?! Desde que ficaste desempregado é o mesmo cinema todas as noites! É por tua causa que a nossa filha anda como anda! A culpa é toda tua, nunca te vou perdoar. NUNCA!

Homem – A tua filha é como tu. Mulheres!!!!

Mulher – Ó homem, está calado! Ela anda assim porque tu não lhe dás atenção nenhuma.

Homem – Tu não me mandas calar! (Dá-lhe uma bofetada)

Filha (que estava escondida a ouvir tudo, entra alterada) -Tu não bates na minha mãe! Se eu vomito é porque tenho nojo: nojo do meu corpo, nojo de ser filha de um alcoólico que só sabe bater na mulher e na própria filha.

Homem (aos berros) - Cala-te, tu és uma pirralha que não sabe nada da vida!

Filha – (continua alterada) E tu? Tu sabes o quê? Andar bêbado o dia todo? É isso que tu sabes? Os meus colegas passam o tempo todo a gozar comigo, a dizer que eu sou filha de um alcoólico! Que sou uma gorda! Detesto-te! (Chora)

Mulher – (maternal) Filha, vai-te deitar, já é tarde.

Homem –Vejam se se metem no ninho e se deixam de me encher a cabeça. (Senta-se no sofá e liga a televisão)

Mulher (põe-se à frente da televisão) – Nem penses! Agora vamos falar sobre o problema da nossa filha, ela tem de ir ao médico para vermos o que se passa.

Homem – O que se passa é que ela é doida como a mãe! (Rindo-se e bebendo)

Mulher – Esquece. Não dá para falar contigo nesse estado. Se queres continuar com essa vida, a gastar todas as poupanças que juntei com o meu trabalho, fá-lo sozinho. Eu e a tua filha não aguentamos mais. Vou dormir. (E sai de cena)

Homem – Ai que a conversa já está a azedar! Vai lá... enquanto dormes, não me chateias a cabeça!

Quadro 4
«A Droga»

Cenário: Bairro social

Personagens:
Personagem 1- toxicodependente

Personagem 2 - toxicodependente
Personagem 3 - toxicodependente
Personagem 4 – toxicodependente que tenta recusar a droga

(Os3 jovens drogados estão em grupo e, entretanto, o que recusa a droga passa por eles)

Personagem 1 – Atão sóc…!

Personagens 2 e 3 (ganzados) – Yaaah!…

Personagem 1 – Anda cá, meu, quinaste?!… (Oferece-lhe uma “passa”)

Personagem 4 – Desculpem, mas não quero… Deixei-me disso há bué tempo!

Personagem 2 – Este agora está a armar-se em betinho!

Personagem 3 – Bem podes… Não ‘tavas bem? Fazias o que te apetecia, ninguém te chateava… levavas a vida na boa…

Personagem 1 – Vá, deixa-te de ser esquisito e bora c’o pessoal.

Personagem 4 – Eu deixei-me dessa vida, arranjei bué problemas e agora tenho objectivos!

Personagem 2 – Eu bem digo que agora 'tás armado em cortes… todos sabemos que queres vir e que te 'tás a fazer-te de difícil. És um anjinho!

(A Personagem 4 acaba por ceder e junta-se ao grupo. Todos enrolam cigarros)

Personagem 4 – Dá cá isso… Que se lixem os meus objectivos e os meus cotas…

Personagem 3 – Bem me parecia que não tinhas mudado e que continuavas um dos nossos!

Quadro 5:
«Gravidez na Adolescência»

Cenário: Jardim.

Personagens:

- casal de namorados

(Entra no palco um casal de namorados de mão dada)

Fofinha: (melada) Quero ficar contigo para sempre, docinho!

Docinho: Eu também, fofinha (pausa). Quando te olho nos olhos parece que o tempo pára. És linda!

Fofinha: Docinho, aconteça o que acontecer, nunca me vais abandonar. Promete!

Docinho: Claro que não. Prometo. És o amor da minha vida, és o “tal” amor. Jamais te esquecerei. (Mete a mão por dentro da camisola dela, na cintura)

Fofinha: Vai com calma… só andamos há uma semana!

Docinho: Não te preocupes… Sem stress…

(Desaparecem atrás do palco. Passados uns segundos, ela aparece com a fita do teste de gravidez a confirmar “positivo”. Aparece ele.)

Docinho: Que se passa, baby?

Fofinha: Precisamos de falar. Tenho uma coisa importante para te contar, mas não sei como...

Docinho: Deixa lá isso. Temos todo o tempo do mundo. (Tenta colocar a mão na anca dela)

Fofinha: (veemente) Pára. Deixa-te disso!

Docinho: (irritado) Que se passa?!

Fofinha: (perplexa e encostada à parede) Estou grávida … e TU (pausa) és o pai… (diz cabisbaixa)

Docinho: (incrédulo) O quê ??! Ó miúda, a culpa é toda tua. Eu não tenho nada a ver com isso! Tu é que não tiveste cuidado nenhum! (Grita, e começa a sair do palco). Querias chupar o dinheiro todo dos velhotes. Sabia-te, não?!

Fofinha: Mas, … então?! Não me prometeste amor eterno?! Não disseste que não me deixavas, acontecesse o que acontecesse?! Onde já vi eu este filme?!

(Ele ignora e sai. Ela escorrega lentamente pela parede desesperada e com raiva a bater na barriga)

Fofinha: Os homens são todos iguais, têm a cabeça muito perto dos pés. (Irónica) Se eu não fosse mulher!… (Exibe um novo teste que comprova que não está nada grávida).

- FIM -

 
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